terça-feira, 17 de novembro de 2009

Editorial: Aqui e Agora

Por Professor António Carlos Cortez
      
   E chegamos ao terceiro número do JORNAL MODERNO (JM). O esforço e a dedicação desta equipa, apoiada pela Direcção, deu frutos: esta edição é, como poderão comprovar, de enorme qualidade, cumprindo a promessa feita de apresentarmos a pais, alunos, professores e demais comunidade educativa, um órgão feito pelos alunos do Colégio Moderno. Como é nosso lema, um jornal "para os alunos, com os alunos e pelos alunos"! É com grande satisfação (e curiosidade) que, julgo, irão ler este vosso jornal.
    Subordinado ao tema da nossa escola —”SIM, PODEMOS MUDAR O MUNDO” [MUDAR]-  vejam o que Márcia Pedroso escreveu a respeito de Carlos (pode ser qualquer um de nós), vítima da sua preguiça e inconsciência, vítima, afinal, do nosso tão comum atavismo que urge, mais do que nunca combater. Os artigos aqui publicados têm grande qualidade e congregam  (numa resposta a Carlos, esse tipo que não queremos ser) a lucidez e a vontade de mudar o mundo que, acreditamos, cada vez mais faz parte de uma ATITUDE MODERNA que nos prezamos de ter. Continuamos com secções dedicadas a artigos de opinião — como os assinados pelos alunos Inês Araújo, Gonçalo Costa e Vasco Horta; artigos sobre a necessidade de alterar as mentalidades para tornarmos o nosso quotidiano um quotidiano melhor. Como escrevem o Gonçalo e o Vasco, trata-se, nestes tempos globais, mas tantas vezes alienantes, de escolher — como Neo, em Matrix — entre os comprimidos da ilusão ou da realidade. Escolhemos a realidade. E a realidade é dura: falamos de mudar o mundo, sentimos que os tempos que correm nos podem cilindrar, sabemos que, frequentemente é mais fácil desistir perante o estado actual das coisas, em vez de resistir.Mas é sobre resistência de que nos fala Maria de Sousa – em entrevista a não perder -, professora e investigadora na área das ciências, num sinal de esperança quanto às gerações mais novas; sinal esse que não podemos ignorar e que constitui uma lição de vida.Nessa entrevista ocupa a Ciência um lugar de destaque, mas é possível descortinar as relações entre os mais recentes progressos científicos e a matriz humanista que nos conduz, ontem como hoje, a um futuro tendencialmente melhor, mas sempre susceptível de protecção e incremento. Na verdade, se pensarmos que civilização queremos para um futuro não muito distante, é sobre essa mesma matriz humanista que escrevem os poetas que, na secção “O Sal da Língua”, vos apresentamos: Álvaro de Campos, António Gedeão e Mário de Sá-Carneiro. É sobre a condição humana que cada um dos textos escolhidos se debruça: em Campos através da feroz crítica à hipocrisia e cobardia que se tem de combater; em Sá-Carneiro pela fotografia de um psiquismo torturado, nascido da sensação de frustração pessoal, hoje tão comum no mundo globalizado e, quanto ao poema de Gedeão, é ainda da condição humana que se trata, porquanto, como diz o poeta, a pedra filosofal está nas mãos de cada um de nós, se não degenerarmos a esperança da criança aberta ao mundo, do jovem idealista e do adulto responsável que habitam em cada um de nós.
    Como poderão verificar, mesmo na nossa secção T2 (Tema 2) [TEMPOS MODERNOS], dedicado ao que é moderno, às mais diversas actualidades, dentro e fora da nossa escola), é ainda, e de algum modo, sobre mudar o mundo de que nos fala Pedro Pinto Lampreia. Um texto absolutamente actual acerca do TGV e do que esse empreendimento significa para Portugal, a curto e médio prazo. Mudar o mundo. Mudar, sem dúvida, e para melhor, o nosso país. O vosso país. E porque é possível mudar se tivermos a coragem de fazer a revolução das mentalidades – pondo de lado a inveja, a maledicência, a passividade castradora e a preguiça -, não queria deixar de chamar a vossa atenção para as páginas finais deste jornal: aí vão encontrar textos de Filipa Barroso e Eunice Martins, sobre Freud e sobre divulgação cultural (de Primo Levi ao jazz de Miles Davis), no que constitui, para todos os efeitos, um evidente sinal de que o JORNAL    MODERNO é, no contexto dos quadros escolares, um jornal diferente. Atento à cultura e aos valores humanistas, disponível para fazer chegar aos leitores da nossa escola o diálogo interdisciplinar, à luz do nosso Projecto Educativo: valorizando a pessoa humana e os princípios da vida em solidariedade. Para que aprendamos, todos juntos, a mudar o mundo. Aqui e agora.

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