terça-feira, 17 de novembro de 2009

Porquê os Direitos dos Animais

Por Pedro Pinto, 12ºIII

O que podemos dizer sobre este assunto tão controverso na sociedade portuguesa e tão esquecido pelo Homem em geral?
Em Dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) promulgou a Carta Universal dos Direitos do Homem, que se pode afirmar como um dos seus grandes feitos, já que esta organização tinha apenas três anos de existência. Em sentido lato, podemos dizer que “o Homem é um animal”, mas que se diferencia dos restantes seres vivos por ser o único a possuir “capacidades racionais”, tornando-se, assim, naquele que tem simultaneamente mais direitos, mas também mais deveres à escala planetária.
Foi o homem quem tornou possível o mundo que hoje conhecemos, a transbordar de tecnologia e de avanços que nos surpreendem a todos nós a cada dia que passa. Contudo, a Terra não lhe pertence exclusivamente. Num ecossistema como o nosso, em que diversas naturezas coabitam, existe uma relação inexorável entre todos os seres vivos, quer sejam pensantes ou não. Possuindo o homem uma faculdade – a sua racionalidade – que o distingue de todos os habitantes da Terra, devemos procurar defendê-la e honrá-la, não caindo em ideias e comportamentos sem fundamento, o que não colide actualmente, de forma alguma, com as necessidades básicas do Homem. Podemos, seguramente, sobreviver de forma saudável sem profanar não só a integridade das outras espécies como também a nossa civilização.
Deste modo, torna-se efectivamente da maior urgência abordar e combater a exploração e brutalização descontrolada dos animais, já que o homem encerra na sua génese o dever de respeitar os direitos dos animais e as suas características. Com efeito, desde a exploração exclusiva de animais para o comércio de peles, até ao célebre espectáculo das touradas, passando pelos treinos intensivos dos mais diversos animais para exibição nos circos, muito há ainda para fazer pela melhoria dos direitos dos animais e, pode acrescentar-se, pelos deveres do Homem enquanto ser pensante.
É certo que os interesses económicos dominam o mundo capitalista de hoje, mas todos nós temos de fazer os possíveis para que a exploração dos animais possa ser evitada, ou pelo menos minimizada. Se no que concerne ao comércio de peles existem já directivas comunitárias que restringem a importação de certas peças, no que diz respeito às touradas ou aos circos a discussão torna-se mais acesa. É certo que é utópico banir dos espectáculos os animais, que dão alegria a todos nos circos e que encantam crianças, mas há que fazer um melhor controlo dos treinos, através de entidades isentas e imparciais para evitar um tão grande desgaste físico e psicológico dos animais. Já no que concerne às touradas, o divertimento não é tanto para as crianças, que não devem inclusivamente ver esse espectáculo atroz antes dos 10 anos sem acompanhamento parental, mas antes para os adultos . Em Portugal a tourada é uma tradição já muito antiga e célebre, que até há bem pouco tempo nunca se tinha interrogado acerca do sofrimento dos touros em plena praça pública. Neste caso, deve tentar-se num futuro próximo reflectir-se acerca da legitimidade deste espectáculo, procurando-se alcançar soluções que permitam que as touradas possam modernizar-se sem necessariamente deixarem de existir. Fará ainda a tourada sentido actualmente? Na verdade, poderemos alegar que os touros são treinados desde pequenos para esse “grande” espectáculo por ser uma tradição. Mas poderemos também defender que é legítimo fazê-los sofrer?


TOURADAS


PELES

9 comentários:

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  3. Acabar com corrida de touros?
    Apagar uma história secular de tradição tauromáquica é mudar um típico sentimento luso, que tem prevalecido durante séculos e que nos tem levado tão longe; é também apagar um símbolo da cultura não só portuguesa, mas sobretudo ibérica, uma cultura que nos identifica a todos nós, uma cultura que identifica a Ibéria.
    De facto, estas corridas são um espectáculo que anualmente atrai milhares de assistentes às praças do nosso país, um espectáculo em honra da grande raça, símbolo ibérico, o touro bravo. É de salientar que o touro que luta na praça, é o mesmo que pasta nas vastas planícies ribatejanas e alentejanas, vivendo uma vida luxuosa, de forma a chegar em perfeitas condições à lide, sendo acarinhado pelo ganadeiro, sem o qual não sobreviveria e acabaria por se extinguir. A coragem animal, o erguer da face deste, leva a crer que o sofrimento do toiro, não seja o sustentado por muitos elementos defensores dos direitos animais. Na verdade, as bandarilhas acabam por não entrar muito profundamente no lombo animal, podendo até mesmo, a dor por estas causada, ser comparada a ligeiras picadas de agulhas na zona próxima da coluna vertebral de um adulto com 80 kg. É ainda de referir que massacres muito mais violentos são praticados não só a animais, mas também a humanos, pelo próprio homem; massacres esses desprezados (ou pelo menos, não mediatizados). Esta indústria alimenta ainda milhares de postos de trabalho, pelo que o seu desaparecimento conduziria ao desemprego de ganadeiros, toureiros, bandarilheiros, empresários de praças, apoderados de toureiros, maiorais, campinos, veterinários, entre muitos outros.
    Em última análise acabar com «as touradas», é acabar com uma arte, é acabar com uma espécie, é acabar com um prazer, é acabar com postos de trabalho, é destruir uma cultura, a nossa cultura. Se tantas vezes se defende que se devem preservar costumes, porquê acabar com mais um? De facto ninguém anti-touradas consegue ver o respeito e o carinho que há por aquele animal. Os aficionados, pelo contrário, adoram o touro, e deslumbram-se com o espectáculo da sua figura. É este deslumbramento que torna as corridas de touros mágicas, e que faz com que ainda hoje, tantos as defendam.

    Miguel Antunes, Matilde Sobral Oliveira, 10º I-A

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  5. Tinha escrito aqui um comentário, mas fiquei com pena de vocês. Escreveram um textinho tão bonito e eu a estragar tudo. Va lá, gozem o vosso momento de gloria...

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  6. Vá agora é pa publicar isto no proximo numero do jornal que isto deu muito trabalho ahaha

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  7. podias ter posto, falta as justificaçoes é? pois é dificil engolir é

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  8. Caríssimos, eis os meus modestos argumentos, parafraseados de um comentário meu numa discussão num outro blogue (http://boralamudaromundo.blogspot.com/2009/10/o-orgulho-de-nao-ser-um-desses.html#comments):

    "De facto, face à essência do espectáculo da tourada, poucos argumentos são válidos para o defender. O facto de ser tradição não suporta a legitimidade do evento, pois não sendo a tradição um absoluto inquestionável, esta não se deve confundir com tortura. Uma tradição eticamente pobre ou nula não deve ser conservada com a designação de produto de riqueza cultural. É antes algo que urge combater.

    Em todo o caso, impõem-se duas questões:
    1)o fim das touradas significaria a extinção (quase total) dos touros.
    2)o fim das touradas seria uma sentença de morte para todas as actividades económicas e geradoras de emprego a estas associadas.

    Resposta à 1) perguntemos o seguinte: será legítimo, ético ou aceitável permitir a continuidade de uma espécie, cujos indivíduos existem para serem torturados na arena e sofrerem dores inimagináveis? Seres civilizados e com um quadro de valores não se devem compatibilizar com a vil exploração do touro. Criar um animal para lhe espremer, até ao último pedaço de carne, até à última gota de sangue, o lucro desta actividade decadente é infame. Além disso, o touro tem sido modificado ao longo dos anos, não sendo, por isso e também, fundamental à biodiversidade.

    Resposta à 2) Proteger actividades económicas ultrapassadas (seja pelo mercado, seja pelo seu valor moral inaceitável) não permite o progresso. Veja-se que, com a escalada dos computadores pessoais, os produtores de máquinas de escrever tiveram de se adaptar e modernizar o seu ramo. Ora, com a tourada dá-se o mesmo, o mundo tauromáquico tem de se modernizar. Porque não fazer parques naturais com fins económicos, como, por exemplo, o Badoca Park? Há tantas possibilidades rentáveis e respeitadoras da vida e integridade animal e muitas outras por descobrir.

    É, pois, tempo de desmontar a estrutura débil da tourada (em extinção) e colaborar com os seus promotores na transição para outras actividades de riqueza cultural e, com certeza, com futuro económico, nomeadamente na área do turismo."

    Esperar que a tourada um dia acabe não chega, porque os aficionados reproduzem os seus gostos nos seus sucessores e assim sucessivamente.

    Somos cidadãos conscientes, morais e sensíveis ao sofrimento dos touros. Somos nós, os jovens portugueses, que iremos definir o rumo do nosso país e tornar Portugal sinónimo de dignidade, respeito e compaixão.

    Obrigado por lerem

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  9. Primeiro que tudo, como já foi dito, acabar com as touradas não significa necessariamente acabar com a espécie, visto que os touros não existem simplesmente para a tourada, a sua carne e pele é e deve ser utilizada.
    É verdade, sim, o touro-bravo é uma espécie que faz parte das paisagens portuguesas, é uma constante nas paisagens ribatejanas e alentejanas, mas qual a importância que damos às espécies selvagens, essas, sim, belas na sua essência natural e dignas de respeito? Pouca ou nenhuma. Quantas pessoas já tiveram o prazer de observar uma família de linces-ibéricos no seu habitat natural, ou o voo de caça de uma ave de rapina majestosa e ameaçada como a águia-imperial-ibérica? Poucas ou nenhumas também. Primeiro, porque quase as aniquilámos do nosso território, segundo, porque a população urbana, habituada ao stress das cidades, mal-habituada por um Governo plenamente incompetente no que diz respeito à conservação da natureza, não sabe simplesmente nada destas espécies ou sabe pouco.
    Porquê perder tempo numa actividade puramente sádica como é a tourada? Só pessoas incivilizadas gostam que uma parte da identidade portuguesa se baseie no prazer de vermos um animal a morrer. É simplesmente bárbaro gostar de ver o sofrimento de outro. Não há que comparar o sofrimento dos humanos ao sofrimento dos animais, ambos são diferentes, mas ambos são actos que vão contra a existência de uma civilização verdadeiramente desenvolvida. Quem apoia as touradas, experimente, procure a fauna selvagem portuguesa: contemple-a, observe-a, perceba-a. Vai ver que não se arrepende, e arranja um passatempo mais relaxante, mais útil e bem mais RACIONAL do que assistir á morte dos animais, mesmo que não sejam selvagens. Tanbém não confundamos: uma coisa são touros e gado no geral a ser morto para a obtenção de produtos que precisamos, da forma mais rápida e indolor que actualmente se utiliza, outra é estarmos especados a aplaudir o fim de uma vida!

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